Paula Fernandes aponta sua carreira em nova fase



O público feminino é difícil de ser conquistado. Mas quando o artista atinge esse objetivo, pode ter certeza que conquistou o tipo de fã mais fiel que existe. Principalmente se esse público já superou as instabilidades e escolhas efêmeras da adolescência. Paula Fernandes acredita que alcançou essa meta. A artista nota que uma parcela importante de seus fãs é formada por mulheres maduras, muitas vezes casadas. Segundo ela, esse tipo de admiração está intimamente ligado à exploração do universo feminino proposto em suas letras. “Sempre quis atingir esse universo e jamais me posicionar como uma rival das mulheres. Por isso, tomo cuidado com minha postura e figurinos. Posso até usar roupas curtas no show, mas jamais opto por peças vulgares. Muitas cantoras afastam as mulheres de seus shows exatamente por conta desse comportamento”, define Paula.
O que levou Paula a ter essa sensibilidade para dialogar com as mulheres foram as experiências pessoais. Tímida e com um ar brejeiro, a cantora tem 18 anos de carreira. Durante essa busca pelo reconhecimento, teve que abrir mão de namoros e viveu longos períodos de solidão e decepções amorosas e profissionais. Essas passagens de sua vida culminaram até mesmo em um quadro de depressão, há dez anos. “Depressão atinge sobretudo pessoas sensíveis. Por isso muitas mulheres passam por isso. Mas superei a doença e hoje consigo ser mais equilibrada emocionalmente. Mas, até hoje, esse tipo de experiência é refletida nas minhas letras, o que de certa maneira causa também identificação por parte do público”, reflete.
A abordagem delicada e sensível não é exclusividade das letras, da postura e do figurino de Paula. A cantora sempre pensou em como poderia deixar seu show com características estéticas femininas, menos padronizado e dependente dos saturados telões de led. Recentemente, ela encomendou um cenário mais teatral, que remete ao interior de Minas Gerais, onde foi criada. Desenvolvida por Gringo Cardia, a parte cenográfica reúne também LEDs, moving lights, projeções, efeitos 3D e telas de tule, que deixam a apresentação mais dinâmica. “Show precisa ter cara de espetáculo, com uma iluminação que mude conforme a música, com recursos que permitam o deslocamento dos músicos pelo palco. O único porém é não conseguir levar esse cenário completo para alguns eventos. Mas sempre que posso, ofereço um show que foge do convencional”, detalha Paula.
Mas também não deve ser difícil ter a oportunidade de presenciar esse show completo. Paula tem realizado cerca de 150 apresentações anuais desde 2010 e hoje está entre os maiores cachês do país. Em 2013, metade das suas datas já foram comercializadas. Mas essa agenda cheia em nada impede a cantora de planejar novos discos e projetos. Ainda no primeiro semestre, está previsto o lançamento de um CD e DVD ao vivo. “Gosto de intercalar um disco de estúdio, com um ao vivo. Assim, posso mostrar aos contratantes as mudanças no show e no repertório. Não há como negar: DVD, hoje, é portifólio. Serve para mostrar que, apesar dos singles serem românticos, meu show tem vários momentos, inclusive com músicas mais animadas. Fora isso, também é uma ferramenta para atingir um público que não gosta ou não costuma ir em shows, como os idosos”, completa Paula.
NOVAS AMIZADES
O sertanejo onomatopeico é hoje o representante brasileiro no exterior. “Bara Berê”, “Tchetchereretchetche” e “Lelele” estão em evidência nas paradas gringas. Mas, Paula, apesar de não cantar esse tipo de música, também tem se aproximado de artistas estrangeiros. A verdade é que para ela esse tipo de contato é até mais fácil. Sua música, que tem uma linguagem próxima do folk, é influenciada por Eagles, Joni Mitchell, Joan Baez, Crosby, Stills, Nash & Young e outros expoentes desse gênero. A sonoridade global ajudou Paula a se aproximar de Taylor Swift, e gravar “Long live” em dueto com a loira. A música, que entrou como bônus no disco “Meus encantos”, é de autoria de Taylor, mas conta com versos em português, criados por Paula Fernandes. Nesse mesmo álbum, a cantora ainda incluiu “Hoy me voy”, parceria com o colombiano Juanes. “O intercâmbio com artistas estrangeiros é saudável. Abre mercados para todas as partes envolvidas. Porém, no momento, não quero usar essa divulgação para tocar uma carreira internacional. Vou deixar isso para 2014, quando gravarei um projeto em espanhol”, anuncia a cantora.
Nessa época também, Paula pensa em resgatar um pouco do seu passado na música. Antes de se destacar em nível nacional, com o álbum de “Canções do vento sul”, de 2005, a cantora havia gravado outros dois discos independentes, que só tiveram divulgação praticamente em Minas e venderam pouco mais de 10 mil cópias cada. Mas, por enquanto, esses dois álbuns continuarão na semiobscuridade. “Quero colocar no mercado um produto inédito, gravado quando eu tinha 17 anos. Esse disco não saiu por falta de verba e oportunidade. Mas me agrada tanto que acho que merece ser resgatado”, conta Paula.
GERENCIAMENTO
Em 11 de novembro de 2012, expirou o contrato que Paula Fernandes mantinha com a produtora Talismã, de propriedade do cantor Leonardo. Desde então, ela gerencia própria carreira, a partir do escritório Jeito de Mato, administrado por seu irmão Nilmar Fernandes.
Situado na capital mineira, o escritório cuidará não só da carreira de Paula, como de outros artistas. Mas o cast só será ampliado a partir do segundo semestre de 2013. Nessa primeira fase, a intenção da Jeito de Mato é criar um projeto para aumentar a interação de Paula com fã-clubes. “Criamos até um departamento para isso. Paula andava distante dos fãs, havia pouca aproximação em camarins e quase nenhuma parceria com grupos de admiradores”, relembra Nilmar.
Também está na pauta do escritório um maior investimento na área de redes sociais. Mas o projeto mais ousado ficará por conta da ampliação da participação de Paula em ações de marketing e merchandising. Recentemente, a cantora fechou contrato com a gigante de cosméticos Wella. “Queremos aumentar a ligação da Paula com outras marcas e produtos. Até hoje, isso foi pouco explorado. Observamos artistas com menor espaço na mídia e menor relevância no mercado fechando bons contratos publicitários e de licenciamento – e não queremos ficar para trás. Em 2013, com certeza esse quadro mudará”, garante Nilmar.
Matéria publicada originalmente na SUCESSO! 149
Via: www.portalsucesso.com.br