Paula Fernandes em matéria exclusiva para Folha de São Paulo


Paula Fernandes grava dueto póstumo com Frank Sinatra e quer ser vista como uma cantora que vai além do sertanejo

Quando Frank Sinatra gravou, em 1958, "Brazil" --versão em inglês de "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso--, Paula Fernandes não era nem um projeto de gente.

Nascida em 1984, a cantora agora divide os vocais da canção com o cantor americano morto em 1998 graças a uma mixagem em estúdio, claro.

A faixa está no disco "Encontros pelo Caminho", recém lançado por Paula para reunir músicas feitas ou gravadas com convidados. O álbum saiu com 200 mil cópias vendidas, que se juntam às mais de 3,7 milhões que já vendeu em toda a carreira.

Em 2013, na lista dos dez discos mais comprados no país, três eram da mineira, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco.

Mais do que o caráter póstumo da parceria com Sinatra, o que chama a atenção, contudo, é ouvir a cantora, conhecida pela música sertaneja, interpretando um jazz.

"Quem diria que cantando música sertaneja, que é a minha origem e eu tenho orgulho dela, faria esse dueto? Mas eu sou uma representante da música popular brasileira", diz Paula à Folha.

É assim, não limitada ao sertanejo, que ela espera ser entendida no meio musical.

Perto de clássicos caipiras como "Romaria" (com Tânia Mara) e "Tristeza do Jeca" (com Sérgio Reis e Renato Teixeira), o disco traz doses de pop.

Com o americano Michael Bolton --o da balada "When a Man Loves a Woman"--, canta, por exemplo, a clássica "Over the Rainbow". Há também gravações com os latinos românticos Juanes e Chayanne e com a americana Shania Twain, conhecida por misturar country e pop.

Em 2011, gravou a faixa "Long Live" com a pop star Taylor Swift --canção mais bem-sucedida entre as parcerias internacionais de Paula.

No álbum, a parceria de que mais se sente falta, porém, é a com Roberto Carlos. O material não pôde entrar, segundo a assessoria do cantor, por falta de liberação da TV Globo, responsável pelo especial de final de ano em que se encontraram em 2010.

O show com o Rei alavancou instantaneamente a carreira de Paula, iniciada aos oito anos. "[Naquele dia], desci do palco, fui atravessar a rua e alguém gritou: É ela'. Mudou. Dali em diante minha vida mudou", conta a artista, que começou cantando em restaurantes de Belo Horizonte.

Na mesma velocidade com que a fama veio depois do show com Roberto Carlos, também correram os boatos --negados por ambos-- de que seriam namorados. "As pessoas são carentes de contos de fadas", diz.

"Meu estilo de vida é muito simples, caseiro. Diante do meu silêncio, acabam inventando um monte de coisas", avalia. Ela namora o dentista Henrique do Valle, que vive em Brasília.

O namoro na ponte aérea é só um detalhe na agenda lotada. Paula tem casa em Belo Horizonte, mas gosta de dizer que mora "no céu", sempre voando entre um compromisso e outro. Em média, faz 130 shows por ano e diz arranjar tempo também para aulas de inglês e piano.

Para completar, é a sua própria empresária há dois anos, desde que decidiu deixar a produtora Talismã, do cantor Leonardo, e fundou a sua empresa, Jeito de Mato.

Como a empresária enxerga a cantora? Ela responde falando de si como Pelé, na terceira pessoa. "A Paula Fernandes tem uma personalidade muito forte. É original, então é isso que a gente tem que trabalhar. É o que eu gosto nela."